Cor Púrpura

Um retrato subtil daquilo que alguns vêm, alguns fingem que não vêm e outros insistem em não querer ver ...

quinta-feira, março 30, 2006

Aquela "impressãozinha" ...

Adormeci sentada à janela. Cheguei a casa cansada mas não podia ficar. Recolhi alguns papéis, troquei de casaco e sentei-me dois minutos à espera de um chá. Servi-me e fui bebê-lo para a janela, sentei-me a tentar animar o dia. Ele ganhou e eu acabei por adormecer.
Passaram nem dez minutos, acordei com aquela "impressãozinha" no nariz, já encostado ao vidro ressoado pelo calor da minha respiração. Entreabri os olhos e o dia já fazia Ping Ping Ping ... Irra o meu esforço tinha sido em vão e o meu chá (um chá branco delicioso) já estava frio.
Deixei a minha caneca de há muitos anos e saí de casa. Em poucos minutos aquele ping ping que parecia querer cantar transformou-se numa verdadeira sinfonia sem arranjos ... e de pauta desalinhada sem que ninguém percebesse quem era o maestro.
Saí de casa e encarei aquela sinfonia tentando fugir de cada nota fora de tom.
Mas é assim o nosso Porto, até mesmo depois da Casa da Música, nem sempre a música é boa!

terça-feira, março 28, 2006

Afinal 10+10= Quanto é?

Hoje, passavam poucos minutos das oito e meia da manhã e mais uma o vez o telemóvel despertou-me da minha sonolência (compreensível aliás) com o mesmo toque doce de sempre.
Atendi com vontade de desligar; mas aquela vozinha ainda ensonada bloqueou-me todos os movimentos.
"Bom Dia Mimi" disse ele eufórico desenhando um sorriso na minha cara. Avisou-me de imediato que tinha uma coisa para me dizer. Perguntei-lhe o que era quase já tão eufórica como ele. Contou-me que, na escolinha, começaram a recortar figurinhas e hoje era dia de colagens. Pode parecer-nos banal mas aos três anos é uma vitória.
Voltei a interromper aquele discurso atrapalhado para lhe perguntar quantas figuras tinha para colar.
"Binte Mimi"
"Vinte Parafuso? _ Tantas?"
"Não são tantas Mimi, são 11+9" rematou ele deixando-me a imaginar aquele ar de maroto de que já tenho saudades.
Uma delícia!!!

segunda-feira, março 27, 2006

Quando Lisboa escurece e devagar adormece, acorda a luz que me guia...

Uma fotografia brilhante ...!!!
Não acham???!!!

quinta-feira, março 23, 2006

Quase 31 anos depois ...!

"Orgia" na Culturgest



"Orgia" de Pier Paolo Pasolini sobe ao palco da Culturgest em Lisboa no dia 29 de Março. Os Artistas Unidos apresentam aquela que é uma das crónicas das emoções sadomasoquistas de dois cônjuges, deixadas transparecer durante as festividades da Páscoa.
Um homem e uma mulher expressam tudo o que os atormenta; alternando os seus papéis entre vítima e carrasco nas mãos um do outro. Com encenação de Pedro Marques a peça fica em cena até 6 de Abril, variando o preço dos bilhetes entre os 5 e os 12 Euros.

quarta-feira, março 22, 2006

Espero

Somewhere over the rainbow ...


O que não dava para estar ali ... só eu ... o meu livro e um bom protector!!
Já agora ... será que deixam levar portátil???????
Eu sei eu sei .. já apanhei a doença da tecnologia .... e agora????

sexta-feira, março 17, 2006

Na velha cadeira de madeira ...


Eram três da tarde ... de uma tarde que ri! Esperei toda a manhã por aquele sol ... e depois de muita vergonha, lá apareceu. Vinha sereno mas para inquietar! Recebi-o naquela mesa de esplanada, sem reclamar o seu atraso e deixei-me levar no calor e na firmeza dos seus braços. Fechei os olhos ... não o vi, achei melhor não o fazer, sentia-o no meu braço apoiado na velha cadeira de madeira, do mesmo café de todos os dias. Naquele momento quis sair dali sem me mexer; Cerrei os olhos e quis pensar onde queria estar naquele momento. Fiz força muita força; que tolice a minha ... como se a força me iria tirar dali. Pensei nisso e senti um novo ar no meu peito. Pensava eu ter chegado a um local onde me sentiria feliz. Inocentemente abri os olhos e descobri que o local onde queria e onde me sentia feliz era ali mesmo; naquele café; sentada na velha cadeira com cheiro a Vinho do Porto, com o Douro aos meus pés e o sol ... esse sim _ nunca me abandonou!!!

quarta-feira, março 15, 2006

Nem mesmo estas 15 pétalas são suficientes ...

15 Petals
One for every year I spent with you
Jewels and precious metals will never do
I love you twisted
And I love you straight
I’d write it down but I can’t concentrate
Words won’t obey they do as they please
And all I am left with are these...

15 Petals
One for every year I spent with you
Jewels and precious metals will never do
The thorn is blunted
The perfume will fade
I stand where sun is set
I crave the shade
Down in the tavern with Mary and Jane
Palms reached for alms as they throw

15 Petals...
One for every hour that we’re apart
Tears and useless battles
I’ll never start Mussolini highway
There’s a frankincense tree
I picked some up there to carry with me
You take me to places where I’d never go
I love you more than you know

15 Petals
Scattered in the path where you will tread
15 Petals
Of vivid red
One wine-bar vamp with the polythene face
Ein Panzer Kommander with no hair in place
The crowded battallions drilled holes in the square


Para si, Avó, uma Mulher, um exemplo de coragem e determinação ...
Pelo menos o meu ...!!!
Amo-a!!!

terça-feira, março 14, 2006

Nunca uma fotografia me fez sentir tão cansada ...

Hoje trocava o meu Porto de Sol fantástico ... por esta paisagem que me dá vontade de fazer as malas ...

Frida Kahlo enche CCB


Mais de 18 mil pessoas, em doze dias já viram a exposição da pintora mexicana patente no Grande Hall do Centro de Exposições do Centro Cultural de Belém. Esta é uma das maiores afluências ao CCB desde 1997, quando uma exposição de Paula Rego registou 62 mil visitantes.
"Frida Kahlo, 1907-1954 Vida e Obra" é a exposição mais completa sobre a pintora mexicana, e está no CCB até 21 de Março.

sábado, março 11, 2006

Morreu Slobodan Milosovic

O ex-ditador Sérvio, Slobodan Milosevic, foi encontrado morto na sua cela do estabelecimento prisional do Tribunal Penal Internacional de Haia, na Holanda. A morte do ex-ditador de 64 anos já foi confirmada pelo Tribunal Internacional Penal para a ex-Jugoslávia.
"Milosevic foi encontrado sem vida na sua cama, no centro de detenção das Nações Unidas", declaração dos responsáveis da instância nas Nações Unidas.
Milosevic estava preso e em julgamento a resposta por crimes de guerra, genocídio e crimes contra a humanidade cometidos durante a desagregação da antiga Jugoslávia, nos anos 90. Contudo, o seu julgamento foi interrompido várias vezes devido aos problemas de saúde do ex-ditador. Milosevic sofria de problemas cardíacos e era hipertenso.
De acordo com o ministério de Negócios Estrangeiros Francês, a morte de Milosevic deve-se a causas naturais. Douste-Blazy, ministro dos negócios estrangeiros francês, em reunião com os seus homólogos europeus na Áustria lamenta a perda de uma vida mas não deixa de fazer lembrar todos aqueles que sofreram com as operações de limpeza étnica - milhares de homens, mulheres e crianças - concebidas e planeadas por Milosevic.


Slobodan Milosevic nasceu em Pozarevac, na Sérvia, no dia 20 de Agosto de 1941, filho de um professor de Teologia. Tinha dois filhos - Marko e Marija - da sua mulher Mirjana.Partidário comunista, antigo administrador da companhia nacional sérvia de gás e ex-banqueiro nos EUA, abriu caminho a pulso até ao topo da política jugoslava no vazio de poder registado em 1980, aquando da morte do general Tito.Advogado de formação, tornou-se líder do partido comunista sérvio em 1986. A partir de 1987, e nos 13 anos seguintes, Milosevic tornou-se o homem-forte da política sérvia, período em que apoiou acções de "limpeza étnica" e em que tentou esmagar os movimentos independentistas no seio da Jugoslávia. Caiu do poder no dia 5 de Outubro de 2000, resistindo aos resultados das eleições presidenciais que deram a vitória à oposição. Foi detido seis meses mais tarde e transferido no dia 28 de Junho de 2001 para Haia, a fim de ser julgado pelo Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia, por crimes de guerra, genocídio e crimes contra a humanidade. Morreu antes da sentença, em pleno julgamento.

quinta-feira, março 09, 2006

Humm ... Que delícia!


Tanzania, Zanzibar , 2003
O que eu não dava para estar ali agora ... sentada ao sol, um bom livro, uma boa companhia ... mas sem abdicar do meu chá ...

Desnecessário ou Não???


Este poema é absolutamente desnecessário
pela simples razão de que poderia nunca ser escrito
e ninguém sentiria a sua falta
Esta é a sua liberdade negativa a sua vacuidade dinâmica
e o movimento da sua aboliçãoa partir do seu vazio inicial
Mas qual é a sua matéria qual o seu horizonte?
Traçará ele uma linha em torno da sua nulidade
e fechar-se-á como uma concha de cabelos ou como um [útero do nada?
Ou será a possibilidade extrema de uma presença inesperada
que surgiria quando chegasse a essa fronteira branca
que já não separaria o ser do nada e no seu esplendor absoluto
revelaria a integridade do ser antes de todas as imagens
a sua violência inaugural a sua volúvel gestação?
António Ramos Rosa
in Deambulações Oblíquas

quarta-feira, março 08, 2006

Uma busca incessante ...


"Aceitar o Nada" ,de Luísa Pinto, estreia esta noite em Matosinhos.
Frida Kahlo, Marlene Dietricht, Edith Piaff, Florbela Espanca, Isadora Duncan e Sara Bernardt sobem ao palco da Galeria Nave da Câmara Municipal de Matosinhos hoje, às 22 horas. A estreia marcada para dia 8 de Março coincide propositadamente com a comemoração do Dia Internacional da Mulher.
"São as figuras do século XX que mais admiro; mulheres que viveram entre palmas e plumas, numa busca incessante pelo amor", conta Luísa Pinto, encenadora da peça de teatro musical e estilista visível no programa "Tendências", da RTP N. Esta peça de Rui Damas revela o lado simples destas mulheres que partilham todas o mesmo espaço com um divã branco e um piano negro.
É o retrato perfeito da pior solidão de todas, aquela em que se vive rodeado de pessoas; fazendo-as aceitar o nada dia após dia.
O espectáculo está em cena todas as noites desta semana até domingo e o lucro de bilheteiras destina-se a apoiar mulheres vítimas de violência.
Vamos ao Teatro?

terça-feira, março 07, 2006

Simplesmente Genial ...

Frente a Frente

segunda-feira, março 06, 2006

O Poeta do Dizível e do Indizível ...


De O Teu Rosto, 1994

António Ramos Rosa

Obrigada Caetano!

Fonte de mel
Nuns olhos de gueixa
Kabuki, máscara
Choque entre o azul
E o cacho de acácias
Luz das acácias

Você é mãe do sol
A sua coisa é toda tão certa
Beleza esperta
Você me deixa a rua deserta
Quando atravessa
E não olha pra trás
Linda
E sabe viver
Você me faz feliz
Esta canção é só pra dizer
E diz
Você é linda
Mais que demais
Vocé é linda sim
Onda do mar do amor
Que bateu em mim
Você é forte
Dentes e músculos
Peitos e lábios
Você é forte
Letras e músicas
Todas as músicas
Que ainda hei de ouvir
No Abaeté
Areias e estrelas
Não são mais belas
Do que você
Mulher das estrelas
Mina de estrelas
Diga o que você quer
Você é linda
E sabe viver
Você me faz feliz
Esta canção é só pra dizer
E diz
Você é linda
Mais que demais
Vocé é linda sim
Onda do mar do amor
Que bateu em mim
Gosto de ver
Você no seu ritmo
Dona do carnaval
Gosto de ter
Sentir seu estilo
Ir no seu íntimo
Nunca me faça mal
Linda
Mais que demais
Você é linda sim
Onda do mar do amor
Que bateu em mim
Você é linda
E sabe viver
Você me faz feliz
Esta canção é só pra dizer
E diz

Mulheres, quem não gostava de ouvir isto logo pela manhã ...

O Porto dos Sentidos!



"Chove Chuva" como dizia aquele brasileiro das cantigas ...

Aqui os nossos dias são muitas vezes assim ... fazem ping ping ping!!!

quinta-feira, março 02, 2006

Escrever ou Sorrir?


Sinto vontade de escrever ...
mas fazer o quê? quando só me sai um sorriso ...
Quando sinto vontade de sorrir ...
fazer o quê? nessas alturas ... escrevo!!!
A vida é mesmo assim!!!

O dia hoje devia acabar assim ...

Hoje não precisava de mais nada ... Esta pacatez ... Que delícia!!!

quarta-feira, março 01, 2006

O Timbre ... o meu ... o vosso ...

A voz sem o timbre não tem o espaço do mar interior
nem a música de um rosto no azul do horizonte
nem terá o arco íris do cristal de uma árvore
a doçura indolente de uma pedra repousada
Se um poema é um barco de um melodioso movimento
é porque descende de um bosque submerso
e em todas as sílabas estremece como um pássaro fremente
no arco de um único timbre de uma vibrante subtileza
o timbre nunca é monótono no seu ritmo redondo
surgindo de uma profunda garganta
No côncavo peito de uma guitarra
como num cântaro marinho
o canto quase se estilhaça e recomeça e retorna
com o timbre de uma dolorosa indolência
no equilíbrio de uma balança do barco de uma onda fremente
na respiração de uma incessante ferida
no arco do timbre de uma longínqua estrela
António Ramos Rosa
9 de Março de 2005