Cor Púrpura

Um retrato subtil daquilo que alguns vêm, alguns fingem que não vêm e outros insistem em não querer ver ...

quarta-feira, março 01, 2006

O Timbre ... o meu ... o vosso ...

A voz sem o timbre não tem o espaço do mar interior
nem a música de um rosto no azul do horizonte
nem terá o arco íris do cristal de uma árvore
a doçura indolente de uma pedra repousada
Se um poema é um barco de um melodioso movimento
é porque descende de um bosque submerso
e em todas as sílabas estremece como um pássaro fremente
no arco de um único timbre de uma vibrante subtileza
o timbre nunca é monótono no seu ritmo redondo
surgindo de uma profunda garganta
No côncavo peito de uma guitarra
como num cântaro marinho
o canto quase se estilhaça e recomeça e retorna
com o timbre de uma dolorosa indolência
no equilíbrio de uma balança do barco de uma onda fremente
na respiração de uma incessante ferida
no arco do timbre de uma longínqua estrela
António Ramos Rosa
9 de Março de 2005

1 Comments:

  • At 7:46 da tarde, Blogger TonecasPintassilgo said…

    Que magnífica escolha!
    Fazes bem, obviamente, em orientar as tuas escolhas para altos padrões de qualidade; deixa a mediocridade para...os medíocres.

     

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