Cor Púrpura

Um retrato subtil daquilo que alguns vêm, alguns fingem que não vêm e outros insistem em não querer ver ...

quarta-feira, junho 28, 2006

Notas de Ser ...

Esta história começa quando ao longe se ouvem uns pequenos mas muito bem definidos acordes de Mozart. Num rompante todos se deslocam para o canto escondido de onde sopra aquela harmonia invejável. Corremos como quem passeia à beira mar … paramos todos…
Não consegui resistir e aproximei-me daquele nicho de bom gosto. Era ali mesmo que me sentia bem … que me sentia em casa. Relaxei de tal maneira que mal consegui tirar os olhos e o pensamento dali. Sentei-me e imaginei tudo aquilo que aqueles pequeninos acordes me faziam sentir e senti-me em todos os lugares que aqueles pequeninos acordes me podiam levar … num espaço tão longo quanto a rapidez da minha imaginação.
De repente, aquele néctar de Mozart levou-me para um biblioteca recheada de grandes livros clássicos e obras de mestres das quais não me consegui separar … levou-me a um mundo encantado da discografia de vinil …. Do qual mal me recordo mas que também nunca quis esquecer … Levou a um jardim de flores pequeninas, frágeis e belas … que embriagam com o cheiro …
Aquela música trouxe-me tudo aquilo que eu poderia querer naquele momento … tudo à distância de uma janela. Bastava-me olhar para fora … para aquela chuva triste que caía quase sem vontade na varanda lá fora, e tudo aquilo que eu queria cheirar, ver, tocar, e sentir estava ali mesmo ao alcance de uma mão … ao alcance da minha mão.