Cor Púrpura

Um retrato subtil daquilo que alguns vêm, alguns fingem que não vêm e outros insistem em não querer ver ...

terça-feira, junho 13, 2006

Os dois Amantes

A chuva picava a areia … de leve. Eu comecei a senti-la nas minhas costas; Fria, Forte e a querer impor-se. Não conseguia tirar os olhos do horizonte … o céu estava sentado sob as ondas gigantes que se formavam. A chuva decidiu não arredar pé. Engraçou com aquela praia, não comigo, com aquela areia onde estava sentada.
Enrolavam-se como dois amantes, ali mesmo à minha frente.
Comecei a sentir-me envolvida naquele erotismo de fim de dia; juntei os joelhos ao meu peito, deixei-me ficar sentada, fechei os olhos e enterrei os punhos cerrados na areia já fria e rija pela chuva.
Não conseguia mexer a boca, tinha os músculos presos pela emoção; o vento deu de si naquela praia e senti-o a abraçar-me.
Envolveu-me de um ápice … esqueceu o romantismo e fechou-se sobre mim com uma força! … Fez-me arrepiar a espinha!
Levantei-me disposta a abandonar aquela praia, depressa fui atirada para o chão … tinha os olhos semi cerrados, mal conseguia abri-los, ainda via o arrasto daquele relâmpago no céu púrpura.
Sacudi a minha saia, atirei a areia sem receios, ainda tinha areia por debaixo das minhas unhas; não me importei!
Atravessei o passadiço acompanhada por um relampejar de tal maneira forte que fazia tremer as pequenas tábuas.
Encharcada comecei a correr; fugi daquela praia … então aí… a areia, o sol e até o céu começaram num namoro de tal forma bonito que até a chuva parou.
Serei eu?!?