Ao Sol e à Chuva ...
Vou andando por ai
Sobrevivendo á bebedeira e ao comprimido
Vou dizendo sim á engrenagem
E ando muito deprimido
É dificil encontrar quem o não esteja
Quando o sistema nos consome e aleija
Trincamos sempre o caroço
Mas já não saboreamos a cereja
Já houve tempos em que eu
Tinha tudo não tendo quase nada
Quando dormia ao relento
Ouvindo o vento beijar a geada
Fazia o meu manjar com pão e uva
Fazia o meu caminho ao sol ou á chuva
Ao encontro da mão miúda
Que me assentava como uma luva
Se ainda me queres vender
Se ainda me queres negociar
Isso já pouco me interessa
Perdemos o gosto de viver
Eu a obedecer e tu a mandar
Os dois na mesma triste peça
Os dois á espera do fim
Tu tens furtuna e eu não
Podes comer salmão e eu só peixe miúdo
Mas temos em comum o facto de ambos vermos
A vida por um canudo
Invertemos a ordem dos factores
Pusemos números á frente de amores
E vemos sempre a preto e branco o programa
Que afinal é a cores
PS: Nem tudo o que parece é! E esta hein?!?
Sobrevivendo á bebedeira e ao comprimido
Vou dizendo sim á engrenagem
E ando muito deprimido
É dificil encontrar quem o não esteja
Quando o sistema nos consome e aleija
Trincamos sempre o caroço
Mas já não saboreamos a cereja
Já houve tempos em que eu
Tinha tudo não tendo quase nada
Quando dormia ao relento
Ouvindo o vento beijar a geada
Fazia o meu manjar com pão e uva
Fazia o meu caminho ao sol ou á chuva
Ao encontro da mão miúda
Que me assentava como uma luva
Se ainda me queres vender
Se ainda me queres negociar
Isso já pouco me interessa
Perdemos o gosto de viver
Eu a obedecer e tu a mandar
Os dois na mesma triste peça
Os dois á espera do fim
Tu tens furtuna e eu não
Podes comer salmão e eu só peixe miúdo
Mas temos em comum o facto de ambos vermos
A vida por um canudo
Invertemos a ordem dos factores
Pusemos números á frente de amores
E vemos sempre a preto e branco o programa
Que afinal é a cores
PS: Nem tudo o que parece é! E esta hein?!?
1 Comments:
At 3:03 da tarde, Anónimo said…
Há poemas e casas, noites, viagens e hotéis sem tempo, tão indeléveis que já entram na pele da gente e nunca mais desaparecem. Nem mesmo que desabem montanhas. E parece que às vezes desabam. Todavia, erguem-se depois, afinal ainda mais altas, ainda mais ansiosas de chegar lá acima, até junto do poema marcado a seda negra:
""Estou solto no mundo largo.
Lúcido cavalo
com substância de anjo
circula através de mim.
Sou varado pela noite, atravesso lagos frios,
absorvo epopeia e carne,
bebo tudo,
desfaço tudo,
torno a criar, a esquecer-me:
durmo agora, recomeço ontem".
(in Idade Madura, de Carlos Drummond de Andrade (Antologia Poética, Publicações D. Quixote)
"Cherne"
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