Cor Púrpura

Um retrato subtil daquilo que alguns vêm, alguns fingem que não vêm e outros insistem em não querer ver ...

quinta-feira, setembro 14, 2006

Em Pontas!!!

Nunca tive uma caixinha de música ... mas sempre quis ser bailarina. Vivia maravilhada com o "toule" e a seda que envolvia aquela pequenina bailarina que rodopiava como um pião no cortinado quase transparente do meu quarto.
Foram tempos em que não detestei ir cedo para a cama. "Dormia à pressa" com a ânsia de sonhar com aquela suave delicadeza envolvida num cor-de-rosa que ainda hoje me acalma.
Ainda hoje me lembro, quando o cansaço me vence, depois de vencida pelo sono, daquela musiquinha repetitiva e repetida que saía devagar da caixinha de música que nunca cheguei a ter. Parece impossível como a memória nos pode fazer chorar a rir, e como nos pode trair. Não me lembro de algumas coisas que fiz a semana passada, mas ainda me lembro da melodia atrapalhada de uma caixinha de música que nunca vi, nem nunca existiu na minha mão.
O meu "toule" transformou-se num "tailler" moderno e aquela música, que nunca hei-de esquecer, é hoje um ruído ensurdecedor de uma cidade velha a cheirar a mar!
Sempre quis ser bailarina!

2 Comments:

  • At 2:09 da tarde, Blogger Manuel Nunes said…

    É isso. O melhor é mesmo a memória das coisas que nunca tivemos. Porque daquilo que passou por nós, nos pertenceu, podemos sempre fazer juízos e avaliações, e é por aí que tantas vezes nos confrontamos com o desencanto e a imperfeição. Perfeito é apenas o que sonhamos, a feliz irrealidade dos tules e das caixinhas de música contra todos os trapos e cegarregas da vida. E sempre em pontas, uma certa forma de voar.

     
  • At 7:27 da tarde, Blogger iLoveMyShoes said…

    :) Quando mais cresço... mais saudades tenho dos meus sonhos.

     

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