Cor Púrpura

Um retrato subtil daquilo que alguns vêm, alguns fingem que não vêm e outros insistem em não querer ver ...

quarta-feira, janeiro 12, 2005

Ajudar está nas tuas mãos!

O Voluntariado Jovem ainda está a crescer e precisa de uma maior disposição por parte dos jovens para ajudar. A Caritas de Oliveira do Conde em Viseu, é um bom exemplo da ajuda que os jovens podem dar a quem precisa com muito pouco. Ajudar está nas nossas mãos e se experimentar vai ver que não custa nada.

Volvidos quatro anos sobre a proclamação de 2001 como Ano Internacional dos Voluntários, pela Assembleia-geral das Nações Unidas, há ainda quem desconheça que ajudar quem precisa custa tão pouco. Como afirma Maria do Rosário Carneiro, Presidente da Comissão Nacional para o Ano Internacional dos Voluntários, “ … o voluntariado é ainda um mecanismo eficaz para o envolvimento na sociedade de jovens e idosos.” Contudo, são os jovens quem menos está envolvido em projectos de ajuda ao próximo.
Na maior parte dos casos, o que afasta as pessoas e, particularmente, os jovens do trabalho voluntário é a falta de conhecimento que têm sobre o mesmo. Esta falta de conhecimento, é, de certa forma, cultivada pela nossa sociedade actual, uma vez que as entidades governamentais não têm a preocupação de incluir nos seus programas de governo o apoio e incentivo ao desenvolvimento do voluntariado. O trabalho como voluntário, seja em que área for, e seja feito por quem for, está sempre na base do funcionamento das civilizações e sociedades. Justin Davis Smith considera o voluntariado como uma componente essencial da sociedade onde vivemos, e identifica os contributos deste tipo de trabalho para a mesma. Assim, acredita que o voluntariado tem um real valor económico para a sociedade; Toda e qualquer acção que seja levada a cabo por uma associação de voluntários, independentemente da área social a que se dedica, necessita de investimentos. Esses investimentos podem ser públicos ou privados; Todavia, independentemente da fonte de onde provêm, esses investimentos vão permitir formar o produto global e, também, a redução da despesa pública, até porque o trabalho que teria de ser pago, em situações normais, é dado pelos voluntários no sentido apenas de ajudar.
Outro dos contributos do voluntariado para a sociedade que Justin Davis Smith considera essencial é o facto de que o trabalho como voluntário permite construir comunidades mais fortes, uma vez que são mais solidárias entre si. Se os membros de uma sociedade são capazes de se entre- ajudar é porque existe uma forte confiança entre eles, e também porque vivem num espírito de ajuda fundamental para que existam sociedades estáveis. O voluntariado constrói o “capital social”, e assume um papel de grande destaque na regeneração económica, como foi referido anteriormente. Apesar das inúmeras tentativas de definição de voluntariado, este é mais facilmente entendido como uma actividade não remunerada, não lucrativa e não integrada num sistema de carreiras que é sustentada por pessoas que têm por objectivo o bem estar do seu semelhante, ou da comunidade em que estão inseridas. O trabalho de um voluntário tem a capacidade de assumir diversas formas, em diferentes épocas, ou seja, pode ser desenvolvido como hábitos de ajuda em tempos de crise, ou pode também estar organizado de uma forma mais séria de forma a dar solução a flagelos sociais como determinados conflitos sociais ou até mesmo a pobreza. Como é fácil de perceber, em países subdesenvolvidos, como por exemplo nos países do interior africano, o trabalho voluntário que os abrange não parte de uma iniciativa interna, mas sim de Países industrializados e em desenvolvimento. O voluntariado gera progresso nos Países, uma vez que acções organizadas pelos mesmos contam com o suporte da Organização das Nações Unidas. A ONU aliou-se a países considerados potências mundiais económicas de forma a garantir a assistência humanitária, a cooperação técnica e promoção dos direitos humanos, a democratização e a paz; condições fundamentais para o progresso de uma civilização e que muitas vezes são esquecidas em países pouco preocupados com o bem-estar das suas populações. A maior parte das Organizações Não-Governamentais que promovem este tipo de acções em todo o Mundo sobrevivem à custa do trabalho voluntário. Todavia, esta nobre dedicação ao trabalho nem sempre é reconhecida, por inúmeras razões: por não ser remunerado, por não se integrar nas regras do mercado e também por não apresentar uma estrutura, e desenvolver-se na sua maioria de forma espontânea.
A génese do trabalho voluntário assenta no cumprimento de determinados objectivos. Alguns desses objectivos foram reforçados em 2001 pela Organização das Nações Unidas que pretende mostrar ao Mundo os benefícios do trabalho pelos outros. Promover a preservação do ambiente, combater a toxicodependência ou a SIDA, erradicar a pobreza são algumas das principais linhas de actuação do trabalho voluntário em todo o Mundo. Contudo, a formação integral e qualificada dos voluntários, a atribuição de um estatuto de voluntário, o reconhecimento do seu trabalho através da atribuição de prémios e a protecção de voluntários pela segurança social com seguro igual ao de outros trabalhadores são os objectivos a que a ONU se propôs em 2001, Ano Internacional dos Voluntários e que até hoje não foram alcançados.
Na realidade o voluntariado tem angariado cada vez mais adeptos, como se pode constatar actualmente devido ao sismo e maremoto que assolou o sudeste asiático. Muitos são aqueles que saem do seu país e vão para cidades como Puket para prestar ajuda a quem mais precisa neste momento. Todavia, é possível aperceber-se que esses voluntários são pessoas na sua maioria com mais de 25 anos. O voluntariado jovem, apesar de existir ainda não alcançou a sua plenitude revido à falta de recursos humanos para o efeito. Apesar o apoio do Instituto Português da Juventude ao voluntariado jovem, ainda não se registou uma forte adesão dos jovens portugueses à prática de trabalho pelos outros. Uma estatística de 2003 do Instituto Nacional de Estatística aponta uma percentagem de 35% de jovens que já realizou ou realiza continuamente trabalho voluntário. O estudo acrescenta ainda quais as razões para este número. O facto de o trabalho voluntário ser não remunerado é a principal causa que leva os jovens a não se interessarem pelo mesmo. .
A realidade da Instituição da Caritas de Oliveira do Conde, em Viseu, é bastante diferente do panorama nacional. A Caritas é uma instituição de renome, conhecida e implantada em vários pontos do País que prima a sua acção pelo apoio a idosos que vivem sozinhos ou com algumas dificuldades. Contudo, a instituição não realiza trabalho voluntário; todos os idosos que usufruem dos serviços da Caritas pagam uma quantia mensal pelo mesmo. Todavia, nem só de boa comida e limpeza precisam esses idosos. A companhia é o que mais lhes faz falta e é precisamente isso que os jovens de Viseu tentam dar a quem já viveu tanto, e agora só pede alguém com quem falar uma ou duas horas por dia. Em entrevista para esta reportagem o Presidente da Caritas de Oliveira do Conde, em Viseu, o Padre Álvaro Dias Arede comenta: “ O trabalho que é desenvolvido pelas funcionárias da nossa instituição não deixa de ser louvável, contudo a acção destes nossos jovens, que se tem vindo a desenvolver nos últimos meses superou todas as minhas expectativas. Nunca pensei que numa cidade como Viseu, do interior, os jovens tivessem dispostos a dar sem receber. E isso é muito bem. Fico contente de que eles tenham a noção de que os mais velhos precisam de alguém que os ouça, que lhes traga todos os dias um pouquinho de vida. Quando um ou mais jovens visita um idoso em sua casa, é possível ver o brilho nos olhos de quem recebe. Para aquelas pessoas votadas à solidão, os nossos jovens são como os seus netos, mesmo que entre eles o único laço que os une é a amizade e a vontade de ajudar.”
Irene Costa, uma das funcionárias da Caritas adianta ainda: “ o apoio que os miúdos dão aos idosos é bom para eles, para os idosos e até mesmo para nós. O nosso trabalho consiste em levar as refeições aos idosos à hora certa e fazer a limpeza das suas casas. Muitas das vezes, o que sucedia era que os idosos, com vontade de conversar e desabafar para afastar a solidão acabavam por atrasar o nosso trabalho e depois era difícil conseguir completar o serviço. Os jovens complementam o nosso trabalho e nós só podemos agradecer.
O exemplo destes jovens é um exemplo de coragem e muito amor ao próximo. Eles dedicam a maior parte do seu tempo livre ao idosos e a quem mais precisa, deixando para trás jogos de computador, Internet, ou até mesmo a diversão com os amigos. Todavia, a verdade é que realidades como esta que se pode presenciar na Caritas de Oliveira do Conde, em Viseu não são muito frequentes no nosso País.
A Caritas é apenas um exemplo das inúmeras instituições e acções de voluntariado onde os jovens podem dar o seu contributo. Também o Programa Todos Diferentes, Todos Iguais, ligado ao voluntariado jovem precisa de quem queira ajudar ao combate ao racismo e xenofobia, de forma a promover a multiculturalidade, a paz e a tolerância. Outro dos programas disponíveis é o dos Voluntários Contra a Fome que podem dar o seu contributo para o Banco Alimentar contra a Fome.
Como afirma Thomas Jefferson: “O Voluntariado enobrece o Homem”, porque não começar já enquanto jovens. A ajuda pode ser muito pouco para dar dá, mas para quem recebe é sempre muito. Um abraço, ou até mesmo um sorriso nos dias em que os que precisam estão tristes é o suficiente para nos sentirmos melhor.

Outras Instituições de Voluntariado:

Instituto Português da Juventude

Cáritas

Banco Alimentar Contra a Fome